domingo, 9 de setembro de 2012

Pura catarse

O concerto de Maria João e Mario Laginha ontem, no Seminário de Olinda, foi catártico. O repertório minunciosamente escolhido foi o primeiro dos acertos, que ocorreram desde o figurino da cantora, com nuances de ninfa ou de sonho. Músicas do último álbum, Chocolate, como From a wide open window e a genial versão para Goodbye pork pie hat encantaram com seu pop jazz. Mas foram as execuções de velhas conhecidas da dupla, como a belíssima Cair do céu (muito bem casada com a atmosfera sacra da igreja, cuja acústica foi brinquedo para Maria) e Parrots and lions, que deslumbraram a plateia e exigiram aplausos calorosos.

Entretanto, para além do excelente domínio que a portuguesa tem de sua voz e da arte de interpretar uma música, bem como do virtuosismo de Laginha no piano, o que merece destaque é o alcance que tem seu trabalho. Não raro percebi pessoas emocionadas, com olhos vidrados na cantora e sorrisos incontidos. E, se não conseguiam entrar no clima, gargalhavam, incomodadas que estavam com os incríveis manejos vocais. Havia um rapaz com um fone de ouvido, acompanhando a namorada, que no meio da apresentação desistiu do acessório e voltou sua atenção para o show. Fez bem. Foi exatamente no momento em que Maria João comentava sobre sua felicidade de estar na MIMO. Em seguida, transmitiu isso em forma de canto, ao nos presentear com Beatriz, de Edu Lobo e Chico Buarque.

O sentimento foi tanto que o público extasiado não conseguiu apenas aplaudir, foi preciso ficar em pé. Lá no palco, Maria João explicava que pra ela aquela era a canção mais linda do mundo. E, bem, a interpretação foi uma das mais lindas. Não é de se estranhar que os presentes não quisessem ir embora. Ao final da apresentação, boa parte da plateia permaneceu na igreja, pedindo mais. Infelizmente, havia ainda dois concertos naquela noite e não era possível estender. Para quem ficou sentindo falta do bis, fica o vídeo abaixo.


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