sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um concerto de quatro bis e diversas boutades

Foto: André Sampaio - Ateliê Santo Lima

Aleida Schweitzer e Jerzy Milewski voltaram a seu público cativo na MIMO com um repertório realmente diferente dos anos anteriores, focado só em compositores poloneses, mas a verdade é que ambos queriam tocar música brasileira e o público, que não tinha nada contra ("muito pelo contrário"), gostou da ideia e retribuiu com toda calorosidade.

E as peças nacionais vieram no bis, que, se dependesse do sempre bem humorado Jerzy - em contraste com sua discreta e fina esposa -, teria vinte números. Ficou em quatro: Tico-tico no fubá, Brasileirinho, Capricho sobre Carinhoso (de Cussy de Almeida sobre a música de Pixinguinha) e Santa Morena, de Jacob do Bandolim.

A cada final de peça, uma breve conversa com o público. E nelas, uma série de curiosidades, algumas já conhecidas dos fãs do duo, entre as quais: o longo casamento da filha do compositor Emyl Mlynarski com o pianista Arthur Rubinstein, desfeito quando ele assumiu aos 90 anos uma relação com outra mulher, na casa dos 20; a forma polonesa do nome de Chopin, Szopen; o desconhecimento imerecido do maior violinista brasileiro, o mineiro Flausino Vale (1894-1954) (que só não foi tocado nos extras do recital porque Jerzy esquecera a partitura); a proibição de se tocar Paderewski, ex-primeiro ministro e ex-presidente da Polônia, durante o regime comunista; o elogio às peças de Guerra-Peixe para violino; o vício em jogo de Rimski-Kórsakov e Henryk Wieniawski, e o pagamento de Wieniawski em partituras (como uma mazurca tocada por Jerzy)...

Em meio às curiosidades, Jerzy desferiu uma série de espirituosas boutades que levavam o público ao riso. Eis as mais memoráveis:

"Hoje meu fígado está mais pra Sócrates [o jogador de futebol]", ao se referir ao bons vinhos que sempre tomou.

"Pena que Lula não sabe tocar piano", ao compará-lo com Paderewski.

"Paderewski tornou-se rico honestamente, sem precisar roubar", em nova comparação, desta vez entre o compositor polonês e os políticos brasileiros.

"Chopin não escrevia música para a ralé, só para bourgeois [burguês]", comparando-o com Wieniawski, que compunha para todas as classes.

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