quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Encerramento de nossas transmissões ou "O que virá em 2011?"

Quem será o compositor residente da MIMO 2011?
Quantos concertos conseguirei ver no ano que vem?
As tapioqueiras estarão de volta ao Alto da Sé?
Será que receberei convites para a Festa da Mimo?

Por mais um ano, a Mostra Internacional de Música em Olinda dinamizou o Sítio Histórico da antiga capital pernambucana trazendo animação, cultura e bem-estar para os habitantes e visitantes da cidade.

E, chegando ao primeiro dia após o encerramento de sua última edição, a MIMO já começa a despertar expectativas e saudades por tudo que ela proporciona. Mas ao mesmo tempo em que dizemos isso, achamos melhor não fazer balanços ou promessas.

Simplesmente, convidamos vocês a montarem a própria retrospectiva da MIMO 2010 visitando os posts antigos deste blog e as outras redes sociais nas quais a Mostra investiu: o Orkut, o Twitter e o Flickr.

O Blog da Mimo, em seu segundo ano de funcionamento, continuou sobretudo a apresentar o que faz da Mostra Internacional de Música em Olinda uma vivência e uma fonte de lembranças a todos que dela participam.

Por essa razão, agradecemos pela estima e esperamos que em 2011 possamos estar juntos novamente, apreciando música, filmes, gastronomia, história... Enfim, tudo que só a MIMO oferece a vocês.

Cordialmente,

Equipe do Blog da Mimo

Ps.: A equipe de produção e de imprensa, além de Lu Araújo, também mandam um obrigado bem grande a todos vocês.

A música certa, na igreja certa

Poucas vezes na história da MIMO um casamento entre música e arquitetura foi tão bem pensado do ponto de vista estilístico quanto o da execução de A arte da fuga na Igreja da Misericórdia, situada a menos de 500 metros da Igreja da Sé.

Comentar uma performance dessa obra de Bach, nesse caso, talvez seja menos oportuno do que apontar a decisão feliz de fazer com que Marcelo Fagerlande e Ana Cecília Tavares se apresentassem em uma igreja rica em amostras do barroco tardio e do rococó [estilos coexistentes na época em que A arte da fuga foi escrita] em seu interior.

Aqui vai uma pequena amostra da peça, em vídeo retirado do YouTube. Escute-a observando os detalhes das fotos das igrejas de Olinda disponíveis no Flickr da MIMO (vide menu à direita).

Spalla de muito futuro

Foto: Rafael Andrade

Quem viu a Orquestra Mimo tocar a suíte Cenas brasileiras de Wagner Tiso no concerto de segunda à noite, na Igreja da Sé, percebeu que o solo de violino inicial da peça não foi feito pela spalla Ana de Oliveira, mas pela jovem Karolayne Santos.

Karol vem participando da Etapa Educativa da MIMO desde 2007 e hoje, sem ainda ter completado 15 anos, desponta como um dos grandes talentos jovens de Pernambuco, ao lado do Irmão Ricardo Cavalcante, violista.

Por esta razão, não somente o solo de Cenas brasileiras foi confiado a ela como também a posição de spalla das cordas friccionadas no concerto de encerramento das Oficinas de Instrumento da MIMO 2010, nesta terça à tarde na Igreja do Monte.

Karol mostrou nas duas ocasiões, além de total segurança (vale lembrar que a Sé estava lotada na segunda), domínio técnico e afinação perfeita, correspondendo à expectativa dos professores com um raro zelo entre jovens de sua faixa etária.

Por isso, não será surpresa se Karolayne tornar-se spalla nas orquestras jovens por onde passar.

***

Cinco pontos de destaque do concerto na Igreja do Monte: 

1. as duas belíssimas transcrições de Vivaldi para conjunto de cordas dedilhadas, que soaram bastante despojadas, mas respeitando fielmente as partituras; 

2. uma execução de Dvorák sem erros pelas madeiras; 

3. a dificílima peça As baquetas, de Edgard Nunes Rocca, que exigiu coordenação contínua dos percussionistas;

4. a iniciativa das cordas fricionadas em apresentar obras do americano John Cacavas e do alemão Harald Genzmer, pouco ouvidas no Brasil, e

5. o empolgante finale com um arranjo reduzido da abertura de Os mestres cantores de Nurembergue para metais.

Argumento literário é mote de apresentação da OSR na Madre de Deus


Concerto da Sinfônica do Recife em 07/09/2010
(Foto: Davi Lira / Blog da MIMO)


Música Popular Literária

A Orquestra Sinfônica do Recife era a aniversariante octogenária; o regente Guilherme Bernstein, diretor musical da Sinfônica de Barra Mansa (RJ) era o maestro convidado; e o pianista carioca Jean-Louis Steuerman, o participante ilustre. Para o palco, a bela e restaurada Igreja da Madre de Deus, localizada no bairro antigo do Recife; e como plateia, o grande público presente no santuário dourado, confortavelmente silencioso.

Foi buscando promover a aproximação entre expressões eruditas e populares que os 50 membros da OSR (apenas oito componentes eram mulheres; a maioria no violino) prezou por uma apresentação didática, Seu objetivo continuou sendo mesmo o de formar novos amantes da música erudita no Estado. Como método utilizado, a literatura.

Apropriando-se do reconhecido camerista e solista de primeira categoria, Steuerman, o concerto da Madre de Deus buscou em obras românticas pós-Beethoven, a devida dose de contemplação propícia para um dia de encerramentos. No repertório do último dia da MIMO 2010, no Recife, não faltou Schumann nem Mendelssohn. Tanto Byron quanto Shakespeare, fontes inspiradoras para os respectivos músicos, serviram como ponte para imprimir aproximação literária que lhe são peculiares à erudição das peças.

Trechos da apresentação da OSR regida por Bernestein
(Vídeo produzido pelo Blog da MIMO)

Maíra e Moema

Fotos: Rafael Andrade

Quem curte cordas dedilhadas no Recife já deve ter visto as bandolinistas gêmeas Maíra e Moema Macedo em ação, seja na orquestra Retratos do Nordeste, seja participando como convidada de outros grupos instrumentais em Olinda e Recife. Ontem, ambas estavam lado a lado no concerto de encerramento das Oficinas da Etapa Educativa da MIMO 2010, na Igreja do Monte. Uma delas, a de vestido azul, inclusive foi solista na transcrição do concerto para violino em lá menor de Vivaldi. Adivinhe qual.

VÍDEO: "Marcha Nupcial" de Felix Mendelssohn aproxima OSR da plateia da Madre de Deus


Orquestra Sinfônica do Recife regida por Guilherme Bernestein executa Sonho de uma Noite de Verão
(Vídeo produzido pelo Blog da MIMO)

Fotos do concerto de encerramento das Oficinas de Instrumentos da MIMO 2010



Fotos: Rafael Andrade

Imagens do último dia da MIMO 2010 em João Pessoa, no Recife e em Olinda


Foto: Tiago Calazans/Usefoto


Epílogo

Em 1970, Miles Davis lançou um disco que mudou a história do jazz: o Bitches Brew. Com esse registro, Miles conseguiu agregar e estabilizar a linguagem jazzística ao rock, criando dessa miscelânea algo revolucionário. Nascia o jazz fusion. A partir de então, a eletronização do instrumental se tornou a grande novidade e os músicos passaram a experimentar timbres e sonoridades antes impossíveis. Nesse contexto, a guitarra também percorreu novos caminhos com o uso de pedais e amplificadores. Algo claramente trazido do rock.

Inteiramente vinculado a essa escola, Mike Stern (que tocou com Miles, vale ressaltar) subiu no palco montado na Praça do Carmo para encerrar a 7ª edição da MIMO 2010. Acompanhado pelo impressionante baixista Tom Kennedy e pelo preciso baterista Obed Calvaire, Stern mostrou toda sua capacidade improvisativa num concerto que privilegiou a exuberância técnica dos músicos.

A comunicação telepática demonstrada pelos instrumentistas, dava ao trio uma coesão fascinante e Mike a aproveitou para expor todo seu lado guitar hero. Com temas repletos de convenções, dinâmicas e frases sinuosas tão características do fusion, os músicos fizeram o público vibrar. No bis, houve até participação de Léo Gandelman, mostrando que todos são bem-vindos quando o assunto é improvisação.

De fato, um show grandioso que certamente ainda está ecoando na memória de quem esteve presente para vê-lo e ouvi-lo.