sábado, 4 de setembro de 2010

Cena Armorial

Parecia a cena de um dos Autos de Ariano Suassuna. E a história se passa no Centro Histórico de Olinda, com todas as suas cores e formas. A igreja¹ é aberta para a entrada do público. Numa tarde atípica, os que estão ali presentes não necessariamente são cristãos ou fiéis. O interesse naquela tarde não é a adoração, mas a apreciação de um concerto sinfônico. A cidade inteira está em festa e o palco é o altar. Num momento de espera, enquanto os 60 músicos da orquestra² não sobem ao palco sagrado, duas senhoras se aproximam da igreja e, como se ignorassem toda a movimentação, se ajoelham e começam a rezar. Ao lado delas, um casal de jovens tatuados conversa como se nada estivesse acontecendo. É a imagem da união entre sagrado e profano. Cada um respeitando os limites do outro e convivendo em harmonia.

A apresentadora do espetáculo inicia sua locução com uma breve introdução do concerto. Entram os músicos. Começa a execução da primeira peça, vem a segunda e, como por força do acaso, a trilha sonora³ não poderia ser mais adequada. Tudo naquela tarde é banhado pelo armorial.

1 - Igreja da Sé
2 - Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3 - Sinfonia em Quatro Movimentos, Danilo Guanais (Homenagem a Ariano Suassuna)

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