terça-feira, 7 de setembro de 2010

Compositor de trilha dos filmes de Selton Mello faz palestra na Ribeira


Plínio fala do processo de concepção de trilhas (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

Da respiração da imagem surge a trilha

Davi Lira
da equipe do Blog da Mimo

Músico, dj e instrumentista, o carioca Plínio Profeta, com a leveza que lhe é característica proferiu uma palestra de forma participativa e descontraída. "Nunca dei palestra na minha vida", brincava o compositor de trilhas que esteve neste sábado (4) no Mercado da Ribeira, em Olinda, juntamente com uma dezena de participantes. Com a proposta de apresentar um apanhado de clássicos sonoros no Cinema em conjunto com seus trabalhos mais recentes, o músico, atualmente focado na produção do próximo longa de Selton Mello, O palhaço, não fugiu à doutrina estética e tradicional dos críticos de cinema.

Não faltaram menções às já conhecidas trilhas de Bernard Herrmann em Psicose (1960): "A junção perfeita da música e da imagem, com a entrada de peso do celo", setencia Profeta; de Ennio Morricone na filme Por um punhado de dólares (1964), do memorável Sergio Leone; além é claro referências às propaladas bandas sonoras de Tubarão e King Kong.

Além dessa prevalência de trilhas baseadas em tema de personagem (light motif), tão bem trabalhadas por Ennio, Plínio destacou o recurso bem utilizado da música diagética mesclada com a não diagética, ou seja, o som ambiente e de objetos que compõe a cena se misturando com a trilha que é produzida externamente.Um trabalho interessante trazido pelo palestrante foi a trilha desenvolvida por Miles Davis, em Ascensor para o cada falso (1958). A Florence, de Jeanne Moreau, caminhando pelas ruas de Paris aflita, com sentimentos de traição e angústia no ar compõem a atmosfera captada por Davis.


Trecho do duelo em Por um punhado de dólares (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

CINEMA INDEPENDENTE - Mas para Plínio Profeta, o cinema indie vive um momento diferente. "Hoje é comum perceber que os filmes independentes estão mais secos", fala o músico citando os trabalhos da cineasta argentina Lucrécia Martel (O pântano), e dos documentários de Eduardo Coutinho em geral. No entanto, ele juntamente com Selton Mello compartilham de outra visão. "Não gostamos dessa ideia de cinema seco, pouco musical. A trilha deve ser utilizada como um instrumento indultor da emoção, não vemos problemas quanto a isso".

Realmente não há problemas. Basta conferir a sequência de 7 minutos do filme Feliz Natal, de Mello, para identificar que é possível se aproprioar da força do som, sem o diálogo, mas em perfeita consonância com as imagens. O resultado expressivo não poderia ser diferente. A integração com os ruídos, fundamentada pela linguagem eletroacústica em conjunto com o acorde da viola caipira propicia uma imersão completa na cena e na narrativa fílmica do vídeo.

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