sábado, 5 de setembro de 2009

Argentina um, Sport dois, Brasil três, Buena Vista dez

Em coincidência com o que postamos no Twitter, o Leonardo do Correio Braziliense também valorizou a presença maciça do público no show do Buena Vista mesmo batendo com o horário de Brasil x Argentina - sem falar que teve jogo do Sport (agora à noite na Ilha do Retiro), que ganhou por 2 a 1 do Botafogo.

DVD do Buena Vista?

Outra sacada de Seu Antônio, nota dez: "Dá pra lançar um DVD: Buena Vista ao vivo em Olinda".

Agitação cubana na praça do Carmo!

Foto: Beto Figueiroa

Duas horas não foram suficientes para que o grupo Buena Vista Social Club Stars pudesse mostrar o melhor da música cubana. Quem foi à praça do Carmo, pôde conferir o talento revelado pelo filme de Win Wenders.

E por sinal, apesar das vitórias do Sport e do Brasil no futebol, a praça estava lotada de uma platéia empolgadíssima. Os gingados e batuques vindos da ilha de Fidel embalavam os passos ritmados não só do público, como do grupo também.

Idania Valdés marcou presença com seus vocais de diva cubana.

Mesmo que a formação atual da banda não contasse com diversos integrantes da formação original, Buena Vista provou que se mantém na trilha da fineza, fiel à proposta de promover os ritmos cubanos tradicionais.

A Olinda que Seu Antônio gostaria de ver

"Esse espaço aqui [o Sítio Histórico] dá pra se fazer eventos sempre", continuou Seu Antônio, chamando a atenção pro óbvio potencial de Olinda para atrair público o ano inteiro.

Ele não se preocupa somente com a questão turística e cultural da cidade, mas também com a educativa. Falou que a Biblioteca Pública de Olinda é um Ponto de Cultura (coisa que eu não sabia) e está desenvolvendo um projeto de estímulo à leitura chamado Olinda Ler Olinda.

Nesse projeto, os alunos das escolas públicas municipais - uma por dia - vêm até a biblioteca e são envolvidas em várias atividades, como leitura orientada e mini-seminários sobre livros.

Também haverá um ônibus do Sesc que vai rodar pelos bairros olindenses, numa ação de mão dupla que vai beneficiar as escolas que não têm salas de leitura.

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Muito gentil, Seu Antônio acabou de me entregar um convite para o lançamento do projeto, dia 11 que vem, ás 10h.

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Outro funcionário bastante atencioso é Seu Luiz Pereira, que fica tomando conta do portão. Depois vejo se rola uma boa conversa com ele também.

"Isso aqui pra gente é uma novidade"

Foto: Internet - Reprodução

Seu Antônio Fernando trabalha na Biblioteca Pública de Olinda, onde está instalada a Sala de Imprensa da Mimo 2009. Ele é quem presta toda a assistência logística básica por aqui: do café às informações sobre como andar pela cidade.

Ao circular aqui na Sala, pra passar a vista no blog e bater um papo de leve com o resto da equipe, o ouvi comentar espontaneamente com os jornalistas: "Isso aqui [a Mimo] é uma novidade, porque Olinda só fica movimentada no carnaval".

E aí, seguindo a boa e velha sabedoria de Gay Talese, fui bater um papo com ele, tomando nota das coisas com o bom e velho combo "bloquinho e caneta".

"Tá vendo essa igreja? A Igreja do Carmo [próxima a qual está montado o palco da Mimo] é uma das mais antigas de Olinda. Ela só tá assim, bonita, bem iluminada por causa da Mimo. Isso aqui [o Sítio Histórico de Olinda] tem uma atratividade muito boa pra turista", diz Seu Antônio.

Pois bem, muitas vezes nós, jornalistas, queremos pegar uma declaração tão boa quanto essa e não conseguimos.
Estou sem uma câmera por perto pra poder tirar uma foto de Seu Antônio, mas deixo a de alguém que ele nem sabe que existe e que me fez notá-lo quando passou do meu lado: uma lenda viva do jornalismo norte-americano.

Homenagem ao passo

Antônio Nóbrega fez questão de homenagear nesta noite o ícone do frevo pernambucano. "O frevo, tal como conhecemos hoje é quase exclusivamente obra de Nascimento do Passo", defendeu o músico. A primeira música cantada da noite, Bispo do Rosário, foi dedicada ao recifense. “Nascimento do passo tentou reconstruir o mundo através da dança do frevo”, afirmou Nobréga.

Naturalmente...

Durante apresentação da noite de hoje, Antônio Nóbrega deu uma palhinha de seu espetáculo Naturalmente: teoria e jogo de uma dança brasileira, em cartaz em São Paulo. Hoje, o músico apresentou duas peças da obra e neste momento a música Smile, de Charles Chaplin, foi tocada. Duas bailarinas participaram das peças, sendo uma delas, Maria Eugênia, a filha de Nóbrega.

Nóbrega excplicou que o nome do espetáculo também foi resultado da amizade com Ariano, que o levou para uma palestra do escritor Garcia Lorca cujo o título era parecido. “Com um nome desses é de estranhar que o povo saísse de casa para ir assistir, mas lá em São Paulo o pessoal está indo ver", brincou.

Duda e Ariano prestigiam

Compositor residente da Mimo, o maestro Duda estava presente na plateia do show. Durante o espetáculo, Nóbrega fez citação de obra do maestro recifense.

Defensor da música brasileira autêntica e criador do Movimento Armorial, Ariano Suassuna era um dos ilustres espectadores da apresentação de Antônio Nóbrega. A presença de ariano foi percebida pelo cantor no momento em que ia apresentar música inspirada no escritor. "Compus essa música com Bráulio Tavares inspirado em Ariano. Ele costumava dizer que as pessoas eram dividadas em duas categorias: reis e palhaços", contou Nóbrega. Enquanto executava O Rei e o Palhaço, o músico dançou e contou com participação dos músicos da orquestra cantando.

Ariano, por outro lado, não poupou elogios ao colega. "Gostei muito, gostei muito mesmo do concerto. Surpreendente essa orquestra!", declarou. E para não perder a tradição, o escritor voltou a defender de maneira enfática a valorização da cultura popular. "Em qualquer lugar que smostrássemos isso, todos iam aplaudir de pé. Com essa música e essa dança que nós temos, não precisamos ficar imitando essas besteiras que aparecem por aí", concluiu.

O pastiche de Nóbrega


Noite de lua e igreja lotada esperavam o show de Antônio Nóbrega e Orquestra Retratos do nordeste, no Seminiário de Olinda. o conjunto de 12 músicos, que possui uma formação de codas dedilhadas inédita na América Latina, deu início à apresentação com duas obras de Adelmo Arcoverde. Nóbrega só entrou em cena na terceira música, quando tocou um solo de violino e foi logo seguido pelos músicos da orquestra e pelas palmas da plateia.

"O repertório que eu trouxe para esse espetáculo, esse pastiche é bastante heterogêneo", alertou o cantor, rabequeiro, brincante dançarino e pesquisador. Entre as músicas, sambas, frevos e choro.
Foto: Marcelo Lyra

Simpatia!

Após a apresentação na Basílica do Carmo, o String Quartet e o pianista Luiz de Moura Castro distribuíram simpatia. Quem ficou para falar com o quarteto tirou fotos e pegou autógrafos, além disso, vários CDs foram postos à venda. Enquanto isso, o pianista brasileiro era só atenção com jovens estudantes de música que o cercaram.

Entretenimento e educação caminham juntos


Além de apresentar um excelente concerto, o Quinteto de Sopro Brasil ainda desempenhou um importante papel: a educação musical.
Muito à vontade, a flautista Conceição Casado apresentou os músicos do quinteto e ainda deu uma breve explicação sobre cada instrumento.

No inicio da apresentação e ao final de cada peça, a seguinte era contextualizada. A aula mostrou-se eficaz e deu bons frutos ainda durante o concerto. O público, que antes aplaudia a cada intervalo, passou a se manifestar apenas com o encerramento da peça. Pode parecer uma mudança pequena, mas, na reação dos músicos, ficou visível a satisfação.

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“O mais interessante do concerto do Quinteto Sopro Brasil foi o caráter didático com que foi tratado. Ao explicar cada detalhe das peças, Conceição conseguiu que elas ficassem mais acessíveis às pessoas que tinham ali uma primeira experiência”

Victor Hugo, estudante de Ciências da Computação e aluno de Conceição Casado no curso de extensão da UFPE.

Vai começar...


Na praça do Carmo, a multidão espera para assistir ao show de Buena Vista Social Club Stars. Ontem, em entrevista coletiva, o grupo insinuou que incluiria músicas brasileiras no repertório do concerto. Será que vem surpresa por aí?

Sopro Brasil na Igreja do Rosário


Foto: Marcelo Lyra


O Quinteto Sopro Brasil fez bonito na Igreja do Rosário. Com um repertório variado que começou com Beethoven, passou pelo impressionismo francês de Debussy e chegou aos ritmos brasileiros como o chorinho e o xaxado, o grupo pernambucano mostrou o motivo de, com tão pouco tempo de existência, já ser considerado um dos mais importantes grupo de câmara do Nordeste.


Mesmo com a igreja lotada, os músicos do Quinteto Sopro Brasil se mostraram muito à vontade e interagiram bastante entre si e também com o público. Destaque para a flautista Conceição Casado, que além de apresentar todas as peças e músicos ainda brincou com a platéia.

Educação para o aplauso

Foto: Beto Figueiroa
Não é de hoje que o público recifense se atrapalha para aplaudir em concertos eruditos. Esta tarde, na apresentação do St. Petersburg String Quartet não foi diferente. Embora o diretor artístico do evento, André Oliveira, estivesse apresentando os compositores e a divisão de cada peça antes delas serem executadas, ainda houve quem não entendesse.

Quando o público aplaudiu certinho, ao final das cinco peças de Schulhoff e do Nottuno de Borodin, parecia que nesse aspecto aquele concerto seria diferente. Mas na peça de Mozart, talvez pela emoção causada com entrada do pianista Luiz de Moura Castro, as pessoas aplaudiram entre um movimento e outro, o que deixou os músicos visivelmente desconcertados.

Na última peça, de Shubert, André foi categórico: disse quem era o compositor, explicou que a peça tinha quatro movimentos e, educadamente, pediu que todos aplaudissem apenas no final. É a MIMO mostrando e ensinando a música erudita!

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E, talvez, se tivéssemos mais incentivos para eventos como este, não faríamos feio.

Pizzicato

Para quem não freqüenta concertos de música erudita, o ato de tocar as cordas do violino, viola ou cello com os dedos pode parecer inusitado, mas esta é uma técnica comum entre os músicos e foi bastante explorada na apresentação do String Quartet de hoje.

Bravo!

Foto: Beto Figueiroa

Uma grande fila já estava formada na porta da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, às 17h. O motivo era a segunda apresentação do St. Petersburg String Quartet na MIMO (e primeira na cidade do Recife!). Dessa vez, os instrumentistas russos contariam com um convidado especial, o pianista Luiz de Moura Castro que, ontem, se apresentou com a Orquestra de Barra Mansa.

Com um repertório composto por Schubert, Mozart, Borodin e Schulhoff (este último pouco tocado no Brasil), o Quarteto foi muito aplaudido e não faltou quem gritasse “Bravo!”.

Música popular erudita


Antônio Carlos Nóbrega se apresenta com a Orquestra Retratos do Nordeste, às 19h de hoje, no Seminiário de Olinda.
Com foco em tudo o que está ligado à música nordestina popular erudita, os músicos irão tocar obras de compositores como Nelson Cavaquinho, Ariano Suassuna e Antônio Nóbrega. Mas no repertório também tem lugar para Johann Sebastian Bach e Charles Chaplin.

Já dá para sentir

Esgotadas as senhas para o concerto de Antônio Carlos Nóbrega e Orquestra Retratos do Nordeste em menos de 30 minutos. Enquanto isso, Buena Vista Social Club Stars fazem a passagem de som na palco da praça do Carmo. Vale lembrar que o show do grupo cubano é aberto ao público. A noite de hoje promete!

Tributo aos mendigos do Maranhão

No início do Choros n° 6 de Villa-Lobos, dois blocos de madeira simulam o caminhar de uma pessoa dentro da floresta - ambientada pelos rosnados de animais na cuíca e no roncador, pelo canto da araponga no xilofone e pelo sereno da selva nas cordas, enquanto a flauta apresenta a melodia.

Originalmente, esse caminhar marcado nos blocos deveria ser tocado no tambu-tambi, um instrumento idealizado por Villa-Lobos que consiste em duas tabocas ocas de bambu - de tamanhos diferentes e fechadas em uma das entremidades - que devem ser percutidas batendo sua extremidade aberta contra uma base de madeira.

O tambu-tambi reproduz o bater das cumbucas de madeira dos pedintes cegos de São Luís do Maranhão* - e o próprio nome do instrumento é o mesmo utilizado pelos mendigos que Villa-Lobos viu ao passar pelo Meio-Norte do país.

Para não tornar inviável a execução do Choros n° 6 tão-somente pela falta de um tambu-tambi, adotou-se a prática de substituí-lo pelos wood blocks.

Fonte: Os instrumentos típicos brasileiros na obra de Heitor Villa-Lobos, de Luiz D'Anunciação (percussionista de longa carreira na Orquestra Sinfônica Brasileira).

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* Não as cumbucas de botar o dinheiro - essa ficava de lado. O tambu-tambi servia para chamar a atenção dos pedestres, já que os mendigos eram cegos.

Músico também é gente (e se cansa) - 2

Outro visivelmente cansado pelo ritmo puxado da Mimo era o violonista Caio Cezar, que encontrei a caminho do hotel após a única happy hour do qual teve tempo de participar desde que a Mostra começou (uma cerveja de leve por meia hora ou um pouco mais) .

Master classes, oficinas, ensaio e concerto com o Trio de Câmara Brasileiro... Espero que Caio tenha dormido o sono que merece.

Músico também é gente (e se cansa)


Foto: Marcelo Lyra

A Sinfônica de Barra Mansa estava exausta mas atendeu aos apelos do público e deu três bis ontem à noite na Sé. Na verdade, um só, em três pedaços: a abertura, o intermezzo e o prelúdio e aragonesa da suíte de Carmen.

A spalla dos contrabaixos entregou os pontos quando viu que ia ser dado o terceiro bis e pediu pro companheiro de estante segurar as rédeas sozinho.

Essa quantidade de bis foi sintomática do quanto é preciso dinamizar a música sinfônica no Grande Recife. Se for oferecida boa música, e tocada com gosto, tem público garantido.

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A Sinfônica de Barra Mansa, por sinal, atingiu nível como orquestra profissional - isso porque ela é uma orquestra jovem. Comparando com a performance dela na Mimo 2008, a evolução é sensível.

A vanguarda que hoje é cânone

Não tem compositor erudito no Brasil , bem se sabe, que seja tão tocado, tão admirado e tão considerado como canônico - aqui e no exterior - quanto Heitor Villa-Lobos.

No entanto, é de se ficar surpreso se pensarmos que ele era o compositor mais vanguardista da década de 20 e sofreu grande resistência no Brasil antes de ter carta branca do governo de Getúlio Vargas - sem falar no preconceito que mesmo assim sofria por parte de vários professores de conservatório, cujo repertório tinha parado no tempo ao ponto de não ultrapassar o impressionismo de Debussy.

Bolsas nas master classes

Alguns alunos das master classes ganharam bolsas de estudos para participar de festivais no exterior. Entre eles, os irmãos Karolayne Santos, violinista de apenas doze anos, e Ricardo Cavalcante, violista.

O samba de Vanzolini

Para quem gosta de samba - e para quem não gosta também - o filme "Um Homem de Moral", sobre a vida e obra do zoólogo e sambista Paulo Vanzolini, será exibido hoje no pátio da Igreja da Sé às 18h30. O autor da famigerada "Ronda" é considerado, ao lado de Adoniran Barbosa, o representante do que há de melhor no samba de São Paulo. Adiante, o trailer do filme para quem ficou com vontade:

Uma aula casual e em carne viva

Laura Cortizo me chamou a atenção para um fato muito emblemático ontem, no concerto do Duo Milewski.

Última quinta, na aula de Crítica Musical*, falamos de Movimento Armorial, Mangue Beat e Tropicalismo. Pois ontem estavam no mesmo concerto Cussy de Almeida - maestro da Orquestra Armorial na década de 70, e no revival dela na década de 90 - e Fred 04, do Mundo Livre S/A.

Só faltou o tropicalista Jomard Muniz de Britto, que certamente deve ser visto em algum concerto daqui até segunda.

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Fred 04 chegou atrasado e sentou-se do meu lado, mas como não o conhecia de feição, não me dei conta de quem era. Quem me abriu os olhos foi Laura, depois do concerto.

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* Os outros quatro integrantes deste blog são meus alunos nessa disciplina, na UFPE.

Quase uma maravilha. Aliás, sempre uma maravilha


Foto: Beto Figueiroa

O Convento de São Francisco, em Olinda, e sua igreja anexa, onde se apresentou o Trio de Câmara Brasileiro ontem, foram candidatos na campanha para eleger as Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo.

A outra candidata pernambucana foi a Capela Dourada, no centro do Recife. No entanto, essa campanha não foi divulgada no Estado por causa do comprometimento do governo com a das Sete Maravilhas Naturais, na qual estava Fernando de Noronha.

O resultado é que Pernambuco acabou não levando nem numa, nem outra. Mas nem por isso, as igrejas e paisagens do Estado deixam de ser maravilhas para aqueles que têm bons olhos.

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Quando entrarem novamente na Igreja do Convento de São Francisco, amanhã no concerto da pianista mineira Joana Boechat, prestem atenção nas paredes laterais, onde se encontra um dos mais belos e ricos registros em azulejo português no mundo, retratando a Via Sacra.

Buena Vista Social Club Stars por Win Wenders

Um trailer do documentário que imortalizou os ritmos tradicionais da música cubana.

Foi de chorar

Foto: Beto Figueiroa

Por ideia de Alla Aranovskaya, o Quarteto n° 8 de Dmitri Chostakóvitch* foi colocado no meio do programa, apresentado no Mosteiro de São Bento, em vez de encerrá-lo.

Ela imaginou que o dramático quarteto, carregado dos conflitos sofridos pelo compositor russo durante o regime soviético, iria resvalar sua carga emocional nos ouvintes. E acertou. A própria Alla confessou ter se emocionado durante a execução.

André Oliveira, consultor artístico da Mimo, que fez as vezes de mestre de cerimônias e realizou uma preleção antes da peça, foi outro que "Pagou mico" - conforme disse brincando.

Na opinião da biomédica Wilma Basto, que assistiu ao concerto com a mãe, D. Terezinha, e também se impressionou com a peça, todo mundo iria sair triste do concerto, se Chostakóvitch fosse o último a ser tocado.

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* Aderindo à nova convenção de transliteração de nomes russos para o português.

Toninho, o audaz!



Ontem, no Seminário de Olinda, a última música apresentada pelo ex-Clube da Esquina, Toninho Horta, foi "Manuel, o audaz". A composição, feita na década de 70 com a parceria de Fernando Brant, fala de liberdade, mas foi inspirada em algo bem mais simples: um jipe modelo 1951.

Hoje é dia de Buena Vista!



Foto: Beto Figueiroa

O grupo Buena Vista Social Club, imortalizado pelo documentário de Wim Wenders, chega hoje à Olinda para fazer um dos shows mais esperados desta edição. Para a apresentação de hoje na Praça do Carmo, os cubanos trazem uma formação bem diferente da original, mas continuam carregando consigo a mesma aura de 10 anos atrás.


Para Sérgio de Andrade, cantor e compositor da Banda de Pau e Corda, "o show de Buena Vista e o de Hermeto Pascoal são os imperdíveis deste ano. O primeiro pela qualidade da música e pela lenda que os cerca, e o segundo pela genialidade de Hermeto, que dispensa qualquer comentário".

O CD não veio

Foto: Beto Figueiroa

Ao contrário do que se esperava, o CD "Saudades de Princesa", que traz todo o repertório apresentado pelo Trio de Câmara Brasileiro na noite de ontem, não foi disponibilizado para venda no evento. Os integrantes disseram que houve um contratempo, mas que voltarão ainda esse ano para fazer divulgação. Ok, vamos aguardar!

É Bizet, viu, Seu Cabral?


Foto: Marcelo Lyra.

Após passar pela experiência de estar do lado de dentro de uma orquestra, o aposentado José Augusto Cabral, foi interpolado pelo maestro Guilherme Bernstein sobre o que sentiu. Ele respondeu: "Uma orquestra linda e maravilhosa tocando Tchaikovsky".

Só que ele tinha ouvido a abertura da Carmen. Errou porque estava emocionado, talvez.

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Mas o senhor assobia que é uma maravilha, viu, seu Cabral?

Ao entoar o tema do toureador pra provar que sabia que era Bizet, o maestro Guilherme Bernstein quis mandá-lo de volta pra orquestra, para se sentar do lado da flauta, porém Seu Cabral ficou acanhado e voltou pro seu lugar.

Pega aqui em casa

O DVD do documentário Música e perfume, exibido ontem na Mostra de Cinema da Mimo, veio direto de Paris

Das mãos do diretor, Georges Gachot, pras de Lu Araújo - numa conversa regada a bastante Pixinguinha num típico café francês.

Estive na Mimo

"Toninho Horta ele quebrou tudo hoje aqui no seminário! Acompanhado por quatro feras em seus instrumentos ficou até fácil! Pena que o som não estava à altura, mas foi bonito ver todos os músicos tocando sorrindo no palco e a interação da plateia com tanta beleza sonora. O repertório de classicos ajudou bastante, e todos executaram solos belissimos, sensacional!"

Fred Lyra, guitarrista e estudante de música da UFPE

Krzesimir Dębski na Mimo?

Foto: Internet - Reprodução.

Foi o que Jerzy Milewski comentou com o público em seu concerto de ontem, na Igreja da Ordem Terceira. Houve conversas entre ambos, mas compromissos maiores impediram que se concretizasse a presença do compositor polonês residente nos Estados Unidos - que é maestro, violinista de jazz e compositor de trilhas sonoras.

Só não procede a informação de que ele seria ganhador de três Oscars.

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As duas peças de Dębski (copiar e colar esse "e cedilha" cansa) no repertório foram Yiddish fiddle e Country in mi, esta executada ano passado no concerto de Jerzy e Aleida com a Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque e o maestro Cussy de Almeida, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

Country in mi tem um trecho em que o pianista acompanhador bate palmas no ritmo da música. Quando Aleida, ontem, o fez, a plateia aderiu no maior entusiasmo - pra surpresa do casal.

Glossário de pronúncia de nomes de compositores poloneses

Essa é para os apreciadores de música clássica.

Já que mencionei Krzesimir Dębski, que se diz "Chêrchimir Dêmski", aí vai um gabarito pra você fazer bonito na hora de conversar com quem entende.

  • Henryk Wieniawski (Hênrique Vieniávisqui)
  • Emil Mlynarski (Emil Milinársqui)
  • Ignacy Jan Paderewski (Ignátsi Ian Paderévisqui)
  • Karol Szymanowski (Cárol Chimanóvisqui)
  • Grażyna Bacewicz (Grajina Batsévitchi)

Outro violino andarilho

Jerzy Milewski pode ser um violinista erudito, mas a seleção de músicas que ele escolheu teve tanta amplitude de ethe* musicais quanto a de Didier Lockwood e Ricardo Herz. Foi música polonesa, húngara, country norte-americana, iídiche, carioca... e Villa-Lobos.

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* Plural de ethos. Quis dizer variedade de espíritos musicais, porque "de estilos" musicais ia lidar somente com o sentido estético.

Do lado de dentro

Foi assim, cercado por instrumentos da Orquestra de Barra Mansa, que José Augusto Cabral escutou a abertura da suite da ópera Carmem, de Georges Bizet. José Cabral é professor de Saúde Pública e se diz amante da música clássica. “A música eleva nosso espírito”, afirmou.

Ao escutar o maestro da orquestra de Barra Mansa convidar um voluntário para “entrar” na formação do conjunto, o professor logo se ofereceu. “Não conhecia a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, mas admiro muito as orquestras jovens e como sou tímido, me ofereci”, brincou José. “Foi uma maravilha escutar todos aqueles sons estando dentro da orquestra”, concluiu.

SUITE – Termo bastante presente nos repertórios das orquestras, a suite se refere a uma espécie de pout-pourri da obra inteira, que normalmente é bastante longa, pois são balés ou óperas na maioria das vezes. Nesse caso, a execução é apenas instrumental e é dividida em partes como abertura, intermezzo, prelúdio, etc.

A orquestra quer sambar

Você já viu uma orquestra sinfônica com bateria de samba? Não? Mas foi o que o brasileiro Heitor Villa-Lobos fez quando compôs o Choro Nº 6. Para prestar homenagem aos 50 anos da morte do carioca a Orquestra de Barra Mansa apresentou a obra às dezenas de expectadores da Igreja da Sé. Na ocasião, instrumentos como a harpa, o corne inglês e a flauta apareceram junto ao pandorin e ao surdo para formar uma música instrumental com a cara do Brasil.

“Villa-Lobos costumava dizer que compôs o Choro Nº 6 inspirado nos cheiros e sabores do Brasil”, contou o maestro. Na obra, podemos identificar sons que aludem ao barulho de florestas, além do samba e de melodias que se aproximam à seresta e à marcha-rancho.

Força musical de Barra Mansa

O impacto da jovem orquestra de Barra Mansa pôde ser sentido com a abertura da ópera La Forza del destino. Foi com a obra do italiano Giuseppe Verdi que os 92 músicos, com idades entre 14 e 24 anos, abriram o concerto na Igreja da Sé, na segunda noite de apresentações em Olinda. O som grave dos seis contrabaixos presentes na formação deu um tom firme e pesado aos primeiros momentos do concerto.

Em seguida, os metais deram lugar ao piano de Luiz de Moura Castro. Músico brasileiro consagrado internacionalmente, antes de começar a executar a obra, ele afirmou ter origem nordestina e revelou-se orgulhoso de estar tocando em Pernambuco. Junto com a orquestra, o pianista tocou o concerto nº 3 em Dó menor para piano e orquestra. A segunda e mais longa obra apresentada na noite do dia 4 de setembro arrancou da plateia vários e merecidos aplausos e gritos de “bravo!”.